Vozes contra a exploração infantil

Trabalhando com crianças e adolescentes em extrema vulnerabilidade, recebemos muitos casos de abusos, maus-tratos, abandono e falta de referenciais saudáveis para essas crianças. Nossa luta é, por todos os meios possíveis, alcançar e apoiar o maior número delas.
Lidamos com uma realidade pouco divulgada pelas mídias e marcada pelo descaso absoluto do governo.
Apesar de sabermos que o tráfico humano infantil tem crescido muito, não apenas em São Paulo, mas em todo o território nacional, não nos deparamos diretamente com esses casos. No entanto, lidamos de perto com situações como aliciamento para o crime, envolvimento com o tráfico, crianças e adolescentes vivendo nas ruas, mortes por overdose e mortes causadas tanto pela polícia quanto pelo tráfico.
Já vimos crianças e adolescentes atendidos por nós morrerem sem socorro. Em alguns momentos, ao tentarmos ajudá-los, tivemos que enfrentar policiais e guardas metropolitanos que buscavam nos impedir. Assim como parte da sociedade, muitos representantes do poder público acreditam que essas crianças e adolescentes “merecem” a morte, e não cuidado ou socorro.
Nós, do Gente de Perto, persistimos nessa luta porque cremos de todo o coração que a recuperação é possível e desejamos ser parte da transformação dessas vidas. Nosso objetivo é resgatar, restaurar e reintegrar essas crianças e adolescentes à sociedade, sempre com o auxílio do Senhor.
A exploração sexual infantil significa que crianças são envolvidas em atividades sexuais, como pornografia e prostituição, muitas vezes por razões financeiras. Essas práticas causam danos físicos e emocionais graves e perpetuam ciclos de violência contínuos.
O tráfico de crianças ocorre quando elas são sequestradas ou vendidas para exploração, como em casos de trabalho forçado. Esse crime é praticado por grupos criminosos que se aproveitam da vulnerabilidade das vítimas e desrespeitam as leis existentes.
Ambas as práticas são graves violações dos direitos humanos e amplamente condenadas em todo o mundo. É fundamental aumentar a conscientização sobre esses temas, fortalecer a legislação e oferecer apoio efetivo às vítimas para que esses crimes sejam combatidos e eliminados.
Na Suíça, trabalhei com mulheres vítimas de tráfico humano. Eu as visitei em bordéis e atuei nas ruas contra essas práticas. Um grande problema que também percebo é que, por meio de falsas ofertas em redes sociais, muitas mulheres acabam entrando na prostituição sem compreender, de imediato, as consequências disso.

Ricarda
É missionária da ABBA e enfermeira.
Natural da Suíça, tem 29 anos e dedica sua vida ao serviço e cuidado de pessoas. Antes de chegar ao Brasil, atuou por três anos no Hospital Diospi Suyana, no Peru, uma experiência que aprofundou seu chamado missionário e seu compromisso com o próximo. Desde fevereiro de 2025, vive em São Paulo, integrando a equipe da ABBA em sua missão de amor e transformação social.