
Uma familia Polvo!
Você sabe como acontece um acolhimento de uma criança e que hoje existe a possibilidade de uma família comum acolhe-la temporariamente em casa? A família que decide acolher passa ser chamada de família acolhedora.
O afastamento de uma criança de sua família de origem e o encaminhamento para o acolhimento é uma medida de proteção que é realizada por meio judicial após ser constatada alguma violação dos direitos da criança.
Mesmo um bebe traz com sigo uma história vivenciada com impactos para além do que podemos ver e imaginar.
O acolhimento realizado por família acolhedora é um direito preferencial previsto no Estatuto da Criança e do Adolescente desde 2009, visto que toda criança necessita ser atendida de forma personalizada com intuito de reduzir os impactos negativos no seu desenvolvimento advindos das questões que a levaram ao acolhimento, garantindo o direito de estar em família.
É na família que o vínculo seguro e o afeto acontecem de forma individualizada e são fatores primordiais para que o desenvolvimento da criança aconteça de forma plena. Esse atendimento pleno não é possível quando o acolhimento ocorre de forma coletiva nos abrigos institucionais, mesmo que seja feito com muito esmero. Por isso se a criança não pode estar em sua família é muito melhor que esteja em outra família mesmos que temporariamente.
Toda criança se comunica e nos informa sobre seus sentimentos e necessidades. As que são pequenas, ainda bebes e não falam, se expressão através do sorriso, choro, tranquilidade, agitação e outras formas que utilizam para nos transmitir algo, mesmo que inconsciente, o corpo fala, por isso o cuidado personalizado é tão importante. Já viu como muitas vezes as mães sabem exatamente o que fazer quando um choro acontece? Se é sono, forme, calor, frio, posição ou se tem algo com a saúde. É assim que acontece quando a criança está em uma família com seus cuidados personalizados.
O afeto e o apego seguro geram impactos positivos e permanentes no desenvolvimento da criança, impactos esses que vão gerar resultados até a sua vida adulta.
Por isso precisamos cuidar da infância pois é nesse “chão” que vão pisar a vida toda. Para além dos impactos positivos na vida da criança a sociedade também é beneficiada com um cidadão saudável e pleno em todos os aspectos. O investimento na infância gera grandes impactos na saúde, educação, desenvolvimento profissional e redução de problemas sociais.
Esse cuidado de perto e personalizando também vai nos ensinando a ouvir a voz de cada criança através das famílias acolhedoras que se dedicam e amam por inteiro, criando uma conexão intensa com cada criança.
Compartilharei aqui nas próximas linhas uma experiência intensa de muito amor e conexão.
Para deixar nosso diálogo lúdico como as crianças gostam vou nomear a família acolhedora como “família polvo”, sim cheia de braços e abraços e a bebe de “peixinha”
“Essa linda peixinha precisou ser retirada de mares agitados para que sua família pudesse ser alcançada. Então direto do berçário natural ela foi para o recanto dos polvos.
Lá ela foi muito abraçada e protegida, não poderia ser diferente com tantos braços e afetos.
Enquanto estava segura e crescendo lindamente, a sua família era assistida e cuidada.

Após pouco mais de 1 ano quando a peixinha já nadava de um colo para o outro foi decidido que infelizmente não voltaria para sua família natural. Com isso, uma família substituta foi cuidadosamente providenciada.
Puxa... Como seria agora? A família de polvos se sentiu apreensiva, mas em seu compromisso já sabiam que esse processo tinha um fim e permaneceram firmes no propósito de proporcionar o melhor enquanto estivessem com a pequena.
A família por adoção veio, fez uma aproximação cuidadosa e pode se conectar com a pequena que estava com seu desenvolvimento preservado e com o coração pronto para se conectar e nadar em outros mares.
A nova família disse adeus para família de polvos e apesar de serem muito gratos pelos cuidados não entram em contato dando notícias como os polvos esperavam. A família de polvos apesar do desejo de ter notícias respeitou esse novo tempo, se concentrando no propósito pelo qual acolheram a peixinha e partiram para novos acolhimentos, muitos outros peixinhos vieram.
Até que um dia após mais 1 ano e meio do adeus, o telefone toca. Uhuuuu eis que em uma vídeo chamado a peixinha apareceu, como ela estava linda e feliz. Segundo a família, de forma tranquila e amorosa enquanto ela brincava, passou a mencionar o nome e frases que a família dos polvos costumavam dizer em brincadeiras juntos. Alí os pais ouviram a voz da pequena e viram que no coração dela tinha espaço para todos e o quanto foi importante tudo que viveu. Que alegria poder ter notícias e ainda saber que os corações sempre estarão conectados cheios de sentimentos positivos e saudáveis.
Respeitar o tempo que a nova família precisava foi importante e necessário. E no tempo certo puderam ouvir a voz da filha.
Na voz dos pequenos tem muita informação, basta conexão, afeto e vinculo seguro para escutar com profundidade.
Se tratando de preservar o direito dos pequenos precisamos ser a voz deles, traduzir suas necessidades e lutar pelo que é o melhor
Você pode ser a voz de muitas crianças e favorecer o desenvolvimento de muitos pequenos
Vem ser família acolhedora
Critérios para se tornar uma família acolhedora:
- Residir no território ou arredores de competência da VIJ do serviço de família acolhedora.
- Ter maioridade civil
- Não ter antecedentes criminais
- Todos na casa maiores de 18 precisam estar em acordo.
- Não estar no Cadastro Nacional de Adoção (CNA)
- Ter disponibilidade afetiva e emocional
- Ter condições para cuidar e proteger
- Ser aprovado nas etapas de documentação e capacitação