Todo homem, uma figura paterna

O termo ‘’figura paterna’’ não se refere apenas ao pai biológico, refere-se a qualquer pessoa que ocupa o lugar simbólico de pai na vida de uma criança, representando uma referência de proteção, orientação, afeto e estrutura desde que seja efetivamente disponível e funcional na vida da criança. O papel da figura paterna no desenvolvimento infantil tem ganhado crescente atenção nas últimas décadas, à medida que os modelos familiares se diversificam e a compreensão psicológica sobre os vínculos afetivos se amplia. Tradicionalmente visto como o provedor e disciplinador, pai, é hoje reconhecido como fundamental no processo de socialização, na formação emocional e cognitiva da criança, bem como no fortalecimento da autoestima e da identidade.
Autores como Michael Lamb, referência na psicologia do desenvolvimento, destacam que a função do pai vai além do papel provedor. Ele aponta que pais emocionalmente envolvidos influenciam positivamente a autoestima e o desempenho escolar dos filhos. A qualidade da relação, e não apenas a presença física, é o que mais impacta o bem-estar infantil (Lamb, 2010). Pesquisa da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) em parceria com o Ministério da Saúde (2016) reforça que a presença de pais participativos melhora os indicadores de saúde física e mental das crianças.
A presença de um pai ou figura paterna responsiva contribui para o estabelecimento de um apego seguro, favorecendo o desenvolvimento da autorregulação emocional, empatia e autoestima. Segundo John Bowlby, a figura paterna, assim como a materna, faz parte do sistema de apego, funcionando como base segura.
A figura paterna é mais do que um papel, é uma presença que deixa marcas silenciosas, mas profundas, na construção do que uma criança sente sobre o mundo e sobre si mesma. Não se tratando apenas de “estar lá”, mas de como se está. A partir disso que se planta segurança, afeto e coragem.
Em um tempo em que repensamos os papéis tradicionais, é urgente reconhecer: homens também cuidam, também nutrem, também formam vínculos essenciais. E quando uma criança tem a chance de experimentar um cuidado masculino sensível e comprometido, ela amplia sua capacidade de confiar, de amar e de ser amada. Porque crescer com uma figura paterna presente e afetuosa é uma experiência transformadora que pode ecoar por toda uma vida.

Stephanie da Silva
Cristã, psicóloga atuante no Serviço de Acolhimento Familiar. É graduada em Psicologia e atualmente cursa pós-graduação em Terapia Cognitivo-Comportamental pela PUC Minas. Tem paixão por estar com pessoas e servi-las com empatia e propósito. Também atua na igreja local, cuidando da Geração Alfa e investindo na formação das próximas gerações.

Isabella Cyrillo
Psicóloga, cristã, apaixonada por gente e por escutar histórias, atua no Serviço de Acolhimento Familiar, no Pérolas Santo Amaro, na missão de proteger crianças e adolescentes. Já atuou como psicóloga em um programa do SUAS voltado ao atendimento de famílias em vulnerabilidade social, com vítimas de violência na Delegacia da Mulher e com pessoas em processo de luto na Unifesp. Todas essas vivências fortaleceram a escuta sensível e o olhar humanizado. Acredita no poder do cuidado, da presença e do vínculo para transformar realidades.