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O papel do Psicólogo no Acolhimento

Devido ao senso comum, é normal pensarmos em psicólogo apenas no contexto clínico, gerando inclusive estranheza quando pensamos no psicólogo no contexto social, levantando questões sobre como atua e no que auxilia. Por isso, hoje iremos destrinçar o papel do psicólogo nos serviços de acolhimento. Antes de se aprofundar na função do psicólogo social, será abordado sobre acolhimento institucional, para maior entendimento sobre os serviços de acolhimento.

O acolhimento institucional é uma medida de proteção, de carácter excepcional e provisório, prevista no artigo 98 do Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA, 1990), ocorre quando os direitos de uma criança ou adolescente não são garantidos por seus cuidadores. Diversos fatores podem levar ao acolhimento, por exemplo negligência, violência doméstica e orfandade.

O acolhimento de uma criança e/ou adolescente é realizado por SAICAs (Serviço de Acolhimento Institucional de Crianças e Adolescentes) e Casa - Lares, ambos os serviços possuem orientações técnicas a serem seguidas, regulamentadas em 2009 nas “Orientações Técnicas: Serviços de Acolhimento para Crianças e Adolescentes” que tem por objetivo regulamentar e padronizar os serviços a nível nacional. 

Focando em uma casa lar, de acordo com o documento, o quadro de funcionários é composto pela gerência, equipe técnica com 2 profissionais (psicóloga e assistente social), além dos educadores residentes, que realizam a pernoite e um auxiliar de educador.  

O papel do psicólogo no serviço de acolhimento é fundamental para o desenvolvimento do projeto político-pedagógico das instituições, pois oferece uma compreensão da conjuntura histórico-social da família e seus impactos no desenvolvimento de crianças e adolescentes, além de abordar os prejuízos à saúde mental decorrentes da exposição à vulnerabilidade

Atividades do psicólogo social no acolhimento institucional

Quando se fala do psicólogo social, é necessário ressaltar que há significativas diferenças de atuação entre o psicólogo clínico. Para início precisamos considerar que, quando se trata de acolhimento institucional, a reintegração da criança ou do adolescente ao núcleo familiar é a prioridade na execução dessa função. Por isso, esse trabalho é desafiador e exige do profissional um empenho pessoal que vai além do conhecimento teórico.

Outro fator que difere da prática na clínica é a construção do vínculo mais próximo, apesar de não ser uma concordância entre todos os psicólogos sociais, há uma relevância de um vínculo mais estreito entre técnico e criança ou adolescente acolhido. Como técnica atuante, na experiência que adquiri pude experimentar a eficácia do vínculo regulado com o acolhido(a) e seu potencial de influência na compreensão da realidade do sujeito (ou criança/adolescente), bem como os aspectos de saúde mental que engloba a experiência e suas vulnerabilidades.

Quando se há um distanciamento do psicólogo da rotina do infante é mais dificultoso entender as particularidades de cada acolhido e até mesmo exercer a escuta e a construção do plano de desenvolvimento individual. Ressalto também que é notório como conhecer a rotina dos acolhidos traz mais argumentos quanto ao que será um melhor desfecho do período de acolhimento, visto que será possível analisar de forma próxima as nuances de comportamento quando se há aproximação de familiares, ou até mesmo possíveis influências no rompimento do vínculo afetivo.

Dado a abrangência de atuação, trago abaixo algumas das principais atribuições de um psicólogo no serviço de acolhimento:

  • Levantamento de demandas individuais: Para melhor sanar as demandas de cada criança e adolescente e estabelecer as expectativas de desacolhimento é necessário fazer o levantamento individual das demandas, mesmo que haja caso de grupo de irmãos acolhidos no mesmo período;
  • Elaboração de PIA e relatórios: Baseado no levantamento de demandas individuais de cada acolhido é elaborado o Plano Individual de Atendimento (PIA) que irá nortear o período de acolhimento da criança ou adolescente, além disso também são redigidos relatórios atualizando o processo da criança ou adolescente para os órgãos responsáveis do judiciário;
  • Preparação para adoção e/ou retorno para a família de origem: Conforme citado anteriormente o principal objetivo durante o acolhimento é que a criança ou adolescente retorne para o seu núcleo familiar. Para cumprir tal objetivo é realizada uma preparação da criança e da sua família. Essa preparação parte principalmente do ponto de vista psicológico, quando se trata do acolhido, o ajudando com as mudanças de rotina, a entender suas expectativas e a lidar com o luto do rompimento de vínculos. No caso da família é realizado um trabalho de fortalecimento, encaminhando para a rede socioassistencial. A preparação do infante também ocorre quando há adoção e parte do mesmo princípio psicológico acima descrito;
  • Orientação/atendimento de educadores: Lidar com os traumas de terceiros não é uma tarefa fácil, por isso é necessária a orientação da equipe técnica para os educadores, além da escuta dos mesmos sobre as dificuldades na rotina e também tentativas de adaptação, sempre priorizando o bem estar, tanto de quem cuida quanto de quem é cuidado;
  • Participação em audiência e articulação com a rede socioassistencial: Conforme já citado, há uma troca frequente entre a rede e o judiciário, devido isso há a necessidade de participação da equipe técnica em audiências;
  • Escuta da criança e adolescente:  Para a realização dos levantamentos de demandas é de extrema importância a escuta da criança ou adolescente, o que é facilitado com um vínculo bem estabelecido que gera confiança na criança ou adolescente para que sejam sinceros em suas vulnerabilidades. Além de auxiliar a criança ou adolescente a compreender o que levou ao seu acolhimento.

Conclusão

Dado o exposto, é notório que o papel de um psicólogo no serviço de acolhimento vai muito além do imaginado, sendo bem amplo e com uma alta complexidade. Partindo da ideia da psicologia social, é preciso compreender que “ o social como uma realidade que o ser humano é constituída por ele” (Santos, 2014), ou seja, o indivíduo é um resultado de suas vivências e meio social.

Tal fato nos leva a entender que o trabalho do psicólogo vai muito além de apenas escrever relatórios, ele está relacionado a compreender o que formou aquela criança e adolescente e pensar em conjunto com a equipe, do ponto de vista psicossocial, qual a melhor forma de ajudar o acolhido que tanto já sofreu em pouca idade e lhe fornecer o melhor futuro possível, afinal um período de acolhimento sem pensar em como retornar a criança e adolescente para um núcleo familiar transforma a casa lar em apenas um depósito de crianças, não em um lugar com a possibilidade de transformar famílias e crianças.

Referências

BRASIL. Lei nº 8.069, de 13 de julho de 1990. Dispõe sobre o Estatuto da Criança e do Adolescente e dá outras providências. Brasília, DF: Câmara dos Deputados, 1990.

CONSELHO NACIONAL DOS DIREITOS DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE (CONANDA); CONSELHO NACIONAL DE ASSISTÊNCIA SOCIAL (CNAS). Orientações técnicas: serviço de acolhimento institucional para crianças e adolescentes. Brasília, DF: [s.n.], 2009.

SANTOS, Luane Neves. A psicologia na assistência social: convivendo com a desigualdade. São Paulo: Cortez, 2014.

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