O Guardar que transforma

“Quando vocês ouvem a palavra guardião, o que vem à mente?”

Foi assim que começamos o nosso encontro de confraternização de fim de ano das famílias acolhedoras da ABBA, no dia 8 de novembro de 2025. As respostas vieram cheias de significado: proteger, acompanhar, responsabilizar, cuidar, oferecer afeto e amor.

E é exatamente isso. Ser guardião é colocar o coração a serviço de alguém que, por um tempo, precisa de abrigo, cuidado e esperança. “Guardiões” são aqueles que protegem ou defendem algo ou alguém — e, nesse sentido, representam um dos papéis mais belos e profundos da família acolhedora.

A função de guardião tem dois lados: um jurídico e outro simbólico. No aspecto jurídico, o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), em seus artigos 33 a 35, define a guarda como o ato que confere à família acolhedora a responsabilidade legal e o dever de proteger, assistir e representar a criança enquanto durar o acolhimento. A família acolhedora garante o bem-estar, a segurança, a saúde e a educação, atuando em cooperação com a equipe técnica e o Judiciário.
A guarda não substitui os vínculos familiares de origem — ela os respeita, enquanto oferece um espaço seguro e afetivo até que a vida da criança ou do adolescente possa ser reorganizada.

Mas há também o outro lado — o do coração do guardião. Se a guarda legal é o instrumento jurídico que formaliza o acolhimento, o coração do guardião é o instrumento humano que o torna possível. Ser guardião é acolher sem prender, é emprestar o colo e oferecer uma experiência de segurança que talvez a criança nunca tenha conhecido. A família acolhedora se torna uma ponte, ajudando a criança a atravessar um momento difícil, e também um escudo, protegendo-a enquanto o seu mundo é reconstruído. Ser guardião, nesse sentido, é segurar o mundo do outro até que ele consiga segurá-lo sozinho.

Sabemos que esse papel não é leve — e é por isso que os serviços de famílias acolhedoras da ABBA promovem encontros regulares como um dos meios de acompanhamento, onde há aprendizado, orientação e, acima de tudo, apoio mútuo.
Além da confraternização de fim de ano, ao longo de 2025 refletimos juntos sobre temas como:
“Qual o papel da família acolhedora?”,
“A influência da família nas diferentes etapas do desenvolvimento”,
“Telas e crianças: quando o excesso vira perigo”,
“Quando o cuidado se transforma em saudade”,
e “Aspectos afetivos e judiciais do acolhimento e do desacolhimento”.

Esses momentos de troca e aprendizado são formas preciosas de fortalecer o que há de mais essencial no acolhimento: o cuidado com amor e responsabilidade.

Encerramos este ano com o coração grato — ao longo de 2025, as famílias acolhedoras da ABBA cuidaram de vinte e nove crianças e adolescentes. Com novas famílias chegando e o serviço crescendo, queremos continuar sendo reconhecidos pelo apoio, compromisso e seriedade com que realizamos nosso trabalho.

E sinais desse reconhecimento já apareceram: no dia 10 de novembro de 2025, o Pérolas Santo Amaro recebeu a visita da Secretária Municipal de Assistência e Desenvolvimento Social de São Paulo, Eliana Gomes, que expressou o desejo de conhecer “Onde o serviço de família acolhedora está funcionando bem”. Ficamos profundamente felizes com essa visita. Ela nos lembrou que, quando o amor é traduzido em cuidado, compromisso e presença, o resultado é sempre transformador.

Seguimos com a certeza de que estamos no caminho certo —guardando, acolhendo e transformando vidas. 

Se você gostaria de se tornar uma família acolhedora, entre em contato conosco!

Salmos 121:3, 5-6: Ele não permitirá que você tropece; o seu protetor se manterá alerta. O Senhor é o seu protetor; como sombra que o protege, ele está à sua direita. De dia o sol não o ferirá; nem a lua, de noite.