Acolher para a vida

Ao olhar para a criação divina, é possível verificar que Deus criou as relações humanas de tal forma que a família é o lugar saudável onde uma criança deve estar para poder ser nutrida e educada, a fim de que possa crescer e se desenvolver como ser humano. A família humana não é algo aleatório, mas sim um reflexo daquilo que é a imagem e semelhança do próprio Deus. Todas as referências existentes na Bíblia que ilustram Deus como Pai e Jesus como Filho são evidências de que Deus criou a humanidade de forma a espelhar sua pessoa.

Como reflexo dessa realidade, é possível perceber na maternidade e paternidade uma das mais belas formas de se ver a imagem e a semelhança de Deus. Contudo, ser pai e mãe daqueles que são carne da sua carne não é exatamente o que Deus fez pela humanidade. Deus se tornou Pai daqueles que não são como ele é, assim como Jesus era, mas os adotou para que se tornassem como seu verdadeiro Filho (Romanos 8.29).

Um princípio nos escritos bíblicos, seja no Antigo ou no Novo Testamento, é que Deus inclui em sua família pessoas que antes estavam em situação de orfandade, abandono, solidão e até inimizade com ele. Um exemplo claro de Deus se identificando com órfãos e viúvas está em Salmos 68.5-6, que diz que Deus é o Pai que coloca o solitário em família. Vale refletir que ser salvo é ser adotado por Deus e entrar no relacionamento último e íntimo existente na própria Trindade.

O órfão sofre muitas injustiças pelo fato de estar fora do contexto familiar, mas o próprio Deus “faz justiça ao órfão e à viúva, e ama o estrangeiro, dando-lhe roupa e comida” (Deuteronômio 10.18). Por isso ele nos instrui: “Aprendam a fazer o bem! Busquem a justiça, acabem com a opressão. Lutem pelos direitos do órfão, defendam a causa da viúva” (Isaías 1.17).

Viver em família é o plano de Deus e, portanto, direito de toda criança e adolescente nessa terra. No entanto, milhões de crianças crescem sem o benefício de relacionamentos permanentes com adultos amorosos e carinhosos. Suas famílias foram desfeitas devido à pobreza, doença, morte, guerras, marginalização, violência, abuso e negligência.

Cristãos comprometidos com o Reino de Deus, coerentes com o evangelho, que desejam ardentemente ser relevantes nesta geração, têm o privilégio e a oportunidade de serem a encarnação do amor de Deus na transformação de histórias trágicas em histórias de amor por meio do acolhimento familiar, da adoção, do voluntariado, do suporte, do ofertar e de outras intervenções.

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